Cerca de 80% das doenças infecciosas são transmitidas por contacto, geralmente das mãos, com superfícies contaminadas, este facto levará a que todos os materiais de revestimento dos edifícios sejam mais seguros, fáceis de limpar e desinfetar (mantendo a sua durabilidade) sem juntas e antibacterianos. Materiais que não permitam acumulação e desenvolvimento de mofos e humidades.
A tecnologia tem ajudado muito também nesta pandemia, mas e na arquitetura? Provavelmente sistemas hand-free serão cada vez mais incorporados nos edifícios, quer seja para chamar elevadores, abrir e fechar estores e portas ou até na iluminação. A internet das coisas também pode sofrer um “empurrão” com esta pandemia e com o facto de todos estarmos um pouco assustados e a única coisa em que tocamos serem objetos pessoais como o telemóvel. Será este equipamento cada vez mais uma extensão de nós próprios? Tão importante como um órgão ou um sentido?
Os edifícios provavelmente deverão ser pensados para se adaptarem mais facilmente a outras funcionalidades, nomeadamente edifícios públicos.
Durante esta pandemia vimos pavilhões desportivos serem transformados em hospitais de campanha, hostels a servirem como habitação permanente e hotéis a utilizarem os seus quartos como quartos de confinamento.
Talvez a arquitetura deva ser cada vez mais pensada para dar resposta de uma forma ainda mais rápida e eficiente a situações de emergência. Por exemplo hotéis ou lares de idosos com boxes para quarentena e com quartos de fácil adaptação para simular quartos de cuidados intensivos; corredores de circulação sem cruzamento de pessoas e com materiais mais facilmente higienizáveis, elevadores de maior dimensão para utilização de macas… Desta forma se houvesse uma pandemia ou outra emergência os hospitais poderiam socorrer-se destes edifícios.
Edifícios saudáveis: de tendência a necessidade
Temos vindo a falar de edifícios saudáveis e de como são importantes também para nossa saúde. Com a pandemia é ainda mais claro a necessidade de projetar, contruir e manter edifícios saudáveis. Já não é apenas uma tendência ou um movimento, é uma necessidade.
Com a preocupação da propagação de doenças infecciosas será cada vez mais natural investir em edifícios saudáveis (nomeadamente no que respeita à ventilação, qualidade do ar interior, qualidade da água, humidade e segurança). Porque afinal somos o que comemos, mas também somos o que respiramos.
A verdade é que esta pandemia irá refazer a forma como pensamos a arquitetura e o tecido urbano. E à semelhança de outras pandemias no passado, quase nada se manterá igual.
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