Torna-se cada vez mais clara a necessidade de adaptação e transição nas vertentes climática, energética e digital. Mas, este momento de emergência poderá transformar-se num momento de esperança e mudança, se atuarmos de modo articulado nestas vertentes para a sua resolução.
Podemos atuar na dimensão climática, dando continuidade ao Pacto Ecológico Europeu e aos compromissos de Portugal de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa entre 45% a 50% até 2030, previsto no Plano Nacional Energia e Clima 2021-2030 (PNEC 2030) e, de atingir a neutralidade carbónica até 2050.
Temos de atuar também, sendo aliás fundamental para a concretização dos compromissos referidos, na redução do consumo energético, apostando na eficiência energética e procurando uma redução de 35% de energia primária e a incorporação de cerca de 47% de energia proveniente de fontes de energia renovável no consumo final bruto de energia. Nesta ação, temos ainda a oportunidade e necessidade de apostar em melhorar o conforto nos edifícios, evidenciadas pela situação pandémica e de confinamento, que expuseram o quanto podemos melhorar o conforto das nossas habitações. Tudo isto não esquecendo também que a sociedade vive um momento de transição digital, não apenas nas nossas atividades diárias, mas também nas possibilidades que essa transição digital gera nas respostas dos edifícios às revoluções tecnológica e climática que vivemos e ambicionamos.
Neste contexto, podemos apostar na renovação pontual ou integral das envolventes opacas, tanto podem ser paredes como as coberturas e, que apresentam diversas caraterísticas e formas de identificar a sua pouca eficiência:
Ao nível dos envidraçados, a substituição de uma janela vulgar, de vidro simples e sem corte térmico por uma janela eficiente de classe 'A+' poderá reduzir as perdas de energia associadas a este elemento em pelo menos 50%. Para além de um melhor desempenho energético, as janelas eficientes aumentam o conforto da habitação, proporcionando um melhor desempenho acústico e equilíbrio térmico.
Mas com a renovação e implementação de isolamento térmico podemos usufruir de diversos benefícios, pois o conforto térmico melhora, bem como o isolamento acústico, contribuindo para a redução das necessidades de utilização dos equipamentos de climatização, na redução do valor da fatura de energia e na minimização das patologias, com melhoria das condições interiores das habitações e promove-se uma maior durabilidade do edifício. Não esquecendo os aspetos como o aproveitamento da intervenção para impermeabilizar as envolventes de modo a evitar possíveis infiltrações, verificar a resistência ao fogo dos materiais de isolamento e a informação sobre a atenuação acústica, especialmente em locais de ruido elevado.
Com os problemas e as formas de resolução identificados, teremos de partir em busca da melhoria, com Portugal empenhado em alcançar a descarbonização do parque edificado, tendo sido o primeiro país a entregar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Este plano que está organizado em 20 Componentes agrupadas em torno de três dimensões estruturantes: Resiliência, Transição Climática e Transição Digital. Inclui um financiamento de 610M€ para promover a eficiência energética nos edifícios residenciais, da Administração Pública central e de serviços.
Estes financiamentos permitem colocar em prática a Estratégia de Longo Prazo para a Renovação de Edifícios (ELPRE), o Programa de Eficiência de Recursos na Administração Pública (ECO.AP 2030) e a Estratégia Nacional a Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética. O investimento para a eficiência energética em edifícios residenciais já se iniciou, com o lançamento do 'Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis', do Fundo Ambiental. Este instrumento impulsionador da melhoria da eficiência energética, hídrica e ambiental das habitações, encontra-se já na sua 2ª fase para a qual existe uma dotação de 30M€.
Sendo que para ajudar os cidadãos e as famílias na implementação das medidas de melhorias ao nível da envolvente foram previstas neste Programa ações especificas, tais como:
A ADENE através das suas iniciativas, Portal casA+ e a Etiqueta Energética de Produtos CLASSE+ colabora em diversos programas de políticas públicas e incentivos financeiros, tendo sido estas iniciativas referenciadas no Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis, em vigor desde junho.
Neste contexto, o Portal casA+, uma plataforma digital dirigida a qualquer proprietário (ou arrendatário) de um imóvel, reúne e centraliza num só local toda a informação relevante sobre a habitação. Simultaneamente, promove soluções de eficiência energética e hídrica, bem como a sensibilização do consumidor com vista à redução do consumo energético e melhoria do conforto das habitações. Este portal vem dar resposta às diversas questões e necessidades identificadas pelos consumidores e proprietários dos imóveis facilitando todo o processo de renovação energética e hídrica.
Nos últimos seis meses de atividade registaram-se mais de oito mil proprietários, que identificaram mais de 2.300 medidas de melhoria para o aumento da eficiência energética, conforto e poupança nas contas da casa e onde se encontram cerca de 900 empresas devidamente habilitadas a prestar serviços nas áreas da eficiência energética e hídrica. Com estas conquistas, o casA+ afirma-se, nos setores da eficiência energética e hídrica, como o portal de referência para o esclarecimento do consumidor nestas matérias e como facilitador da concretização de medidas de melhoria.
A redução do consumo energético dos edifícios só é possível com o esclarecimento e a formação dos cidadãos, sendo a educação e a sensibilização são o primeiro passo para a adoção de sistemas e soluções mais eficientes, com vista à neutralidade carbónica dos edifícios. É com este ímpeto que a ADENE estabelece um grande compromisso com a sustentabilidade e eficiência dos materiais, contribuindo para a mitigação das alterações climáticas e para a literacia da eficiência energética. Neste sentido, o Portal casA+ disponibiliza um conjunto de materiais de apoio para as diferentes áreas de atuação existentes no portal, no que concerne à eficiência energética e hídrica das habitações. Encontra-se também disponível um simulador de eficiência energética, onde de uma forma muito simples e interativa é possível obter a classe energética (aproximada) da habitação, bem como simular possíveis melhorias a implementar e ficar a saber o potencial de redução da fatura energética, e ainda ter acesso a uma estimativa do investimento.
Assim, a ADENE está a agir para promover a mudança para a aplicação das soluções integradas e multifacetadas, através de ferramentas que permitam dar resposta em múltiplas camadas e vertentes, como o Portal casA+ e a Etiqueta CLASSE+ que pretendem ser os principais aliados do consumidor na renovação energética e hídrica de edifícios, no incentivo da implementação de medidas de melhoria, facilitando todo este processo através de uma comunicação simples e clara dirigida ao consumidor e com intuito de termos casas mais atuais, sustentáveis, eficientes e confortáveis.
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