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Edifícios: a melhor eficiência energética é a que começa no papel

Alexandra Costa25/03/2022

Criar a pensar em é sempre muito melhor do que adaptar para. Escolher as melhores soluções e os melhores materiais. Esta é uma das vantagens de pensar a eficiência energética dos edifícios desde a fase de projeto. E se isso pode implicar um investimento inicial de até 5% as poupanças alcançadas a médio/longo prazo facilmente diluem esse valor.

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Hoje há uma preocupação crescente para a eficiência energética dos edifícios. Não só por ser uma das “lutas” da Comissão Europeia como porque há uma maior consciência para a sustentabilidade. E o certo é que o edificado é responsável por cerca de 40% do consumo de energia, seja para aquecer ou arrefecer as habitações. E, se no caso do edificado já existente, a única alternativa passa pela reabilitação urbana, a melhor solução continua a ser o pensar a eficiência energética desde a fase de projeto.

“Pensar na fase do projeto pode dar origem a um desenho diferente do edifício, à possibilidade de identificar materiais que podem melhorar a sua eficiência não apenas no seu uso, mas também ao nível dos materiais que utiliza”, explica Sofia Santos, Sustainability Champion in Chief na Systemic, que acrescenta que isso pode, igualmente, implicar a criação de mecanismos tecnológicos que forneçam a informação ambiental que os edifícios vão ter de reportar aos fundos de investimento imobiliário. A verdade é que, reconhece a especialista, quando isso não acontece (este pensamento não existe na fase de desenho)” é muito mais difícil, depois, transformar o edifício num com menores impactes ambientais, o que pode levar à desvalorização do ativo”.

Opinião que é partilhada pela Garcia Garcia, que refere que essa fase do projeto é fundamental e absolutamente decisiva, pois é aqui se define o ADN do edifício. “É na conceção que se definem questões como soluções construtivas ou materiais a utilizar, que terão um impacto crítico no ciclo de vida do edifício e, consequentemente, na sua sustentabilidade”, afirmam fontes oficiais da empresa, que acrescenta que a sustentabilidade e eficiência energética requerem a aplicação de soluções diferenciadas, que são definidas em fase de projeto. Nesta linha a Daikin refere que é precisamente nesta fase que se estudam, teorizam e definem as soluções e equipamentos a utilizar. Mais ainda, é nesta fase “que deverão ser considerados fatores tão diversos como conforto térmico, qualidade do ar interior, integração arquitetónica, integração entre as especialidades, entre muitos outros fatores”.

Como fabricante de materiais de construção essenciais, os chamados “básicos” - tijolo, placas de gesso, agregados leves e isolamento, Ávila e Sousa, diretor técnico e de marketing do Grupo Preceram, dá o exemplo do grupo, que tem trabalhado na identificação e caracterização técnica de soluções construtivas que promovam a eficiência energética e o conforto nos edifícios. “Este trabalho implica uma estreita colaboração e implementação em todas as etapas da obra, sendo essencial a fase de projeto. É aqui que se podem delinear as melhores opções, aquelas que terão o maior efeito no bem-estar dos utilizadores, com menor consumo de recursos, pegada de carbono, impacte ambiental - as mais eficientes”, explica.

Ao longo dos anos houve evolução no setor da construção. Quer ao nível das exigências, das técnicas e dos materiais utilizados. Hoje a noção é de que a sustentabilidade mede-se ao longo do ciclo de vida do edifício - construção, utilização, manutenção e fim de vida (demolição ou restauro). E é precisamente por isso que a Garcia Garcia defende que é preciso pensar nos processos e nas soluções de forma global, de forma a efetivamente alcançar essa meta. As certificações existentes, como o BREEAM e a Passive House, ajudam porque “acompanham o edifício, desde o início do projeto até ao seu fim de vida (life cycle)”. A Garcia Garcia dá, a título de exemplo, a aposta em materiais sustentáveis (incluindo na sua produção e colocação), um design que permita uma menor utilização de equipamentos de climatização, ou a opção por equipamentos energeticamente mais eficientes, são alguns dos cuidados simples que permitem alcançar essa sustentabilidade.

Cuidados a ter hoje em dia para ter um edifício sustentável?

  • Deve-se equacionar logo de início a possibilidade do edifício ser certificado pelos sistemas BREEAM, LEED e/ou Well.
  • Deve-se desenhar um edifício para que seja o mais autoeficiente a nível energético, se possível, e que utilize as águas pluviais em alguns consumos que são realizados diariamente pelos utilizadores.
  • Deve-se pensar numa forma de valorização dos resíduos que ocorrem da utilização diária no edifício, garantido a separação dos mesmos.
  • Deve-se incentivar a mobilidade elétrica garantido que os edifícios têm as infraestruturas necessárias ao crescimento de veículos elétricos que esperamos vir a ter num futuro muito próximo.
  • Deve-se incentivar o uso de bicicletas e outras formas de mobilidade suave, disponibilizando em locais visíveis os estacionamentos. Pode parecer algo insignificante, mas tem um papel indutor no comportamento.
  • Deve também garantir que existem transportes públicos que permitam a mobilidade mais eficiente por parte dos utilizadores.

Edifícios residenciais versus escritórios/comércio

Se para Sofia Santos existem diferenças nos indicadores de certificação, mas os princípios são os mesmos já para a Garcia Garcia o destino e o uso final do edifício são diferentes, assim como, o padrão de utilização. No entanto, acrescentam, sendo o objetivo final da sustentabilidade semelhante, os princípios e racionais bases subjacentes são iguais, o que leva a que exista uma linha orientadora comum. Acontece que, a a forma de o alcançar pode diferir em diferentes questões, como por exemplo, pensando em temáticas de fácil compreensão, ao nível das soluções de gestão de climatização ou soluções de reutilização de recursos naturais, uma vez que os padrões de consumos são muito diferentes.

A eficiência energética dos edifícios tende a já estar generalizada no setor corporativo. Normalmente a questão prende-se com os edifícios residenciais. Mas isso está a mudar. Como refere a Garcia Garcia os clientes residenciais manifestam uma crescente preocupação com as temáticas ambientais e eficiência, procurando incorporar soluções sustentáveis nos seus projetos. “Aspetos como a qualidade do isolamento, os materiais de construção, a eficiência dos sistemas técnicos instalados e as energias renováveis, assumem um destaque crescente” explica a empresa acrescentando que, além da redução dos custos de exploração dos imóveis, é também de salientar a sua potencial valorização no mercado e uma menor tendência para a sua depreciação, sendo também provável que sobre os mesmos venha no futuro a incidir uma menor carga fiscal.

Mas quais as diferenças, em termos de investimento entre um edifício “normal” e um “sustentável”? Segundo Sofia Santos o valor adicional do investimento inicial pode estar entre os 3 e os 5% do investimento total. No entanto, alerta a especialista, as contas deveriam ser feitas tendo em conta não apenas o custo adicional inicial, mas também as poupanças dos consumos futuros, o bem-estar gerado, e a não desvalorização do edifício – para não dizer valorização –por ter na sua construção um conjunto de preocupações que o transformam num edifício sustentável. Na mesma linha a Garcia e Garcia afirma que, nas contas, deveremos ter em conta que um edifício é um investimento de médio / longo prazo. Nessa perspetiva (e na vertente económica) “a sustentabilidade é a solução racional”. Feitas as contas a empresa concorda com os valores avançados por Sofia Santos - No investimento inicial na construção observa-se uma diferença que não ultrapassará os 5%. Mas, acrescenta a Garcia e Garcia, este acréscimo atual tenderá a reduzir-se à medida que a sustentabilidade se torna a regra e não a exceção.

Por outro lado, convém ter em atenção que a diferença no investimento inicial “é facilmente recuperável a médio prazo, por exemplo, durante a exploração do edifício com consumos energéticos inferiores”. Há ainda outro ponto. “É expectável que em breve sejam implementadas taxas para edifícios “não verdes” e com pegada ambiental mais elevada, o que implicará menores impostos futuros sobre os edifícios sustentáveis”, dizem fontes da Garcia Garcia.

Aspetos a ter em conta num edifício 'sustentável'

A eficiência energética depende de vários vetores, sendo, explica a Garcia Garcia, influenciada por fatores que vão desde as caraterísticas e materiais de construção, até aos sistemas de aquecimento, passando pelas soluções arquitetónicas mais eficientes.

A eficiência energética depende de vários vetores, sendo, explica a Garcia Garcia, influenciada por fatores que vão desde as caraterísticas e materiais de construção, até aos sistemas de aquecimento, passando pelas soluções arquitetónicas mais eficientes

Em termos práticos, “pontos a atacar” poderão ser a melhoria dos isolamentos das paredes exteriores e coberturas, assim como, caixilharias e vidros. Esta são áreas onde se verificam as maiores perdas e que podem ser resolvidas de forma relativamente simples, quer num edifício de raiz, quer numa renovação.

Para além do anterior, é fundamental a aposta em sistemas mais eficientes de ventilação (natural e mecânica), aquecimento/arrefecimento e de produção de água quente, idealmente com a aposta em energias renováveis como a solar ou a geotérmica. A isto Sofia Santos acrescenta a qualidade das janelas, os isolamentos de telhado e fachadas e a não utilização de gás. No entanto muito da eficiência energética pode ser obtido com hábitos e comportamentos que dependem exclusivamente das pessoas, constata a especialista da Systemic.

O certo é que o setor mudou, e muito, os últimos anos. Como refere a Daikin assistimos a uma mudança de paradigma com foco na sustentabilidade e descarbonização da economia. Sendo que esta mudança teve um profundo impacto na indústria do AVAC “exigindo a adaptação e evolução de produtos e sistemas”. Neste caso específico, explica a empresa, as inovações são diversas e vão desde a incorporação de eletrónica de controlo em todos os equipamentos, ao desenvolvimento de novos componentes, materiais e fluídos. Sendo que a Daikin destaca quatro pontos: a introdução de fluídos com baixo GWP como o R32 e o HFO1234ze; a integração de inverter também em chillers e bombas de calor de elevada potência; a integração de variação de temperatura de evaporação em sistemas de expansão direta proporcionando eficiência de topo e elevando o conforto dos ocupantes; e a monitorização remota de sistemas e equipamentos com possibilidade de deteção precoce de avarias e otimização energética.

Já no caso dos materiais Ávila e Sousa destaca o tijolo térmico e acústico (da marca), “o suporte ideal para a construção de paredes eficientes com isolamento pelo exterior (ETICS e fachadas ventiladas) ou pelo interior em sistemas de placas de gesso”. “Neste âmbito, salientamos o contributo da Gyptec no desenvolvimento de novas soluções para a construção, mas também para a reabilitação, como a placa GYPCORK com isolamento incorporado em cortiça, ou a gama de sistemas com isolamento em lã mineral Volcalis”, realça o diretor técnico e de marketing do Grupo Preceram, que acrescenta que esta última empresa, distingue-se pela inovação introduzida na conceção e fabrico em Portugal de um isolamento térmico e acústico eficiente, seguro e acessível que contribui positivamente para o desempenho energético dos edifícios.

O executivo destaca igualmente o “extraordinário desenvolvimento das soluções de base natural, como sejam as coberturas verdes, cujo contributo tem vindo a ser reconhecido também na eficiência energética dos edifícios”. Sobre isso, diz que “neste âmbito, em representação da nossa empresa de argila expandida, Argex, temos vindo a trabalhar em estreita colaboração com a associação nacional do setor, a ANCV Greenroofs, no sentido de compilar e divulgar um conjunto de informação técnica relevante para os fabricantes, instaladores e projetistas”.

Portugal versus Europa

Tentar perceber o ponto em que está o mercado português no panorama europeu não é, para Sofia Santos, tarefa fácil, dado que “não há informação científica e técnica que nos permita responder com exatidão à pergunta”. No entanto a especialista acrescenta que, olhando para a informação disponível da ADENE relativamente à certificação energética dos edifícios, apenas 13% dos edifícios com certificado energético são de classe A, outros 20% são de classe B, existindo assim cerca de 67% dos edifícios com certificação energética C, D, E e F. Para Sofia Santos isto significa que, olhando apenas à componente energética, e a sustentabilidade é mais do que isso, temos um imenso potencial de melhoria, sendo que podemos concluir que o estágio em Portugal é ainda insuficiente.

Já a Garcia Garcia vai buscar o 'Global Green Economy Index' que, em 2018, colocou o país na 20ª posição com a melhor performance na economia verde (vários parâmetros são avaliados, entre os quais a construção sustentável). “O caminho a percorrer ainda é longo quando nos comparamos com o centro e norte da Europa. Contudo, é notório que o cenário em Portugal tem vindo a melhorar nos últimos anos, com uma mudança gradual em relação a este tema. As preocupações energéticas e ambientais, tanto por parte das empresas do setor de AEC, como por parte dos investidores, começam a estar cada vez mais no topo das agendas”, refere a empresa.

O facto de a eficiência energética ser uma das “batalhas” da Comissão Europeia e de haver fundos comunitários disponíveis para ajudar a reabilitar o edificado está a ajudar a transformar a Europa. Mas serão os fundos suficientes. Questionada Sofia Santos foi perentória: não é suposto os fundos comunitários serem suficientes para remodelar todo o edificado. Para a especialista da Systemic, o financiamento público deve surgir quando há falhas de mercado, e o seu papel é de dar o exemplo, partilhar o risco com o setor privado e assim promover a criação de um mercado que permita a existência de um modelo de negócio associado à remodelação. O certo é que quer Sofia Santos quer fontes da Garcia Garcia concordam que Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer.

Para a imobiliária o o clima menos rigoroso e a envolvente socioeconómica do país levou a que, no passado, existissem menores preocupações com a performance energética dos edifícios e a que isto não fosse uma prioridade. O que (talvez) explique porque as construções mais antigas não previam a incorporação de soluções energeticamente eficientes. Mas isso mudou e a sustentabilidade e a eficiência energética são questões a que hoje é de todo impossível escapar. “Relativamente aos incentivos e apoios anunciados não será difícil assumir que ficam aquém das reais necessidades do nosso edificado, se tivermos em consideração, por exemplo, que as verbas alocadas ao “Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis” se esgotaram em algumas semanas”, refere a Garcia Garcia, acrescentando que não serão com certeza os valores que têm sido apresentados nem as comparticipações máximas das despesas elegíveis que resolverão o problema das habitações em Portugal.

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