ENTREVISTA 37 PERFIL O que revela o recente inquérito do Observatório da Profissão da OA? O Observatório da Profissão é um instrumento fundamental para conhecer a realidade da profissão em Portugal. Baseia-se nos dados fornecidos pelos arquitetos portugueses a partir de inquéritos, os quais são complementados pelos dados que constam em outras plataformas de informação relevantes para a prática profissional da arquitetura. É um instrumento de recolha, análise e tratamento de informação que queremos que permita à Ordem dos Arquitectos (OA) ter a informação para construir alicerces sólidos para a sua atuação, antecipar as discussões e ser prepositiva. Os dados recolhidos permitem, por um lado, abrir a OA à sociedade, que poderá aceder de forma transparente ao trabalho desenvolvido pelo Observatório da Profissão e, por outro, ajudar internamente a encontrar estratégias de atuação e políticas de regulação da profissão (a curto, médio e longo prazo) capazes de dar resposta às diferentes necessidades que vierem a ser identificadas. A primeira iniciativa do Observatório da Profissão decorreu junto dos membros da Ordem, em setembro e outubro de 2022, sob coordenação técnica e científica do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (CESOP), e teve como principal premissa o levantamento geral de informação sobre as diversas formas da prática profissional em arquitetura. Os resultados deste inquérito foram apresentados pelo CESOP no 16° Congresso dos Arquitectos, realizado em Ponta Delgada, em março de 2023, e publicados no site da OA. O principal objetivo desta iniciativa, que deve repetir-se com uma periodicidade bienal ou trienal, é a atualização rigorosa de informação relativa ao exercício profissional, nomeadamente através da análise comparativa dos resultados obtidos neste inquérito com os dados de outras bases respeitantes ao setor. Após a publicação do relatório dos resultados, o Observatório da Profissão tem-se dedicado, entre outras iniciativas, à análise e tratamento dos dados, com recurso a fontes de informação rigorosa e pertinente para a profissão, que serão publicados brevemente. Como instituição de direito público, a OA tem como uma das suas principais atribuições a defesa e promoção da arquitetura, no reconhecimento da sua função social e cultural, premissa para a qual, certamente, este inquérito será fundamental, na capacidade que trará de entender a prática da arquitetura nas suas múltiplas dimensões. Na sua opinião, porque motivo alguns diplomados em arquitetura nunca se inscreveram na Ordem dos Arquitectos? O período de transição entre o ensino e o mercado de trabalho terá, certamente, diversos caminhos e alguns constrangimentos. Podemos estar perante profissionais que tiveram oportunidades noutros setores, que escolheram a diáspora ou que seguiram a carreira académica ou a investigação científica, por exemplo. Este novo inquérito serve, justamente, para percebermos esta realidade. Recentemente terminou a segunda fase deste inquérito, dirigida aos diplomados em arquitetura que nunca se inscreveram na Ordem, e que vai permitir um diagnóstico mais completo e uma caracterização mais rigorosa da arquitetura em Portugal. Os dados já disponíveis evidenciam um grande equilíbrio entre o número anual de diplomados, em Portugal, e os inscritos na OA, estimando que apenas 6,4% dos diplomados nunca se inscreveram na Ordem (percentagem bastante inferior ao expectável). Este indicador deixa-nos conscientes da dificuldade acrescida no acesso de estes profissionais, mas, reconhecendo a importância desta auscultação, assumimos esta missão. Pretendemos, por exemplo, compreender dificuldades que possam existir no acesso à profissão, se é que as há; que caminhos profissionais seguiram os jovens e se trabalham na área da arquitetura; e de que modo a formação em arquitetura é importante no seu desempenho profissional, mesmo que fora do setor. Que iniciativas estão a ser delineadas para atrair estes arquitetos para a OA? Antes de mais, a Ordem pretende, com este inquérito, entender a sua realidade. Só dessa forma é possível, com rigor, perceber o que os afastou da OE e desenhar estratégias para os aproximar. Mas entendemos que temos feito um O levantamento de informação sobre a prática profissional em arquitetura deve repetir-se com uma periodicidade bienal ou trienal Queremos todos os arquitetos inscritos na Ordem dos Arquitectos
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