95 PERFIL EDIFÍCIOS com base no conhecimento de eventos passados, na geologia, ambiente tectónico e nas caraterísticas do terreno locais. O Modelo Europeu de Perigosidade Sísmica de 2020 (ESHM20) vem substituir o modelo anterior de 20133. As bases de dados incorporadas nesta nova versão do modelo levaram a uma avaliação de perigosidade mais abrangente. Consequentemente, as estimativas de movimentos do terreno foram ajustadas, tendo sido reduzidas na maior parte da Europa. Existem, no entanto, algumas exceções, como por exemplo em regiões no Oeste da Turquia, Grécia, Albânia, Roménia, Sul de Espanha e Sul de Portugal, nas quais as estimativas são agora mais elevadas. O modelo atualizado também confirma que a Turquia, Grécia, Albânia, Itália e Roménia são os países com maior perigosidade sísmica na Europa, seguidos pelos outros países dos Balcãs. Mas é de realçar que, mesmo em regiões com estimativas demovimento do terreno reduzidas ou moderadas, eventos sísmicos que conduzam a danos significativos podem ocorrer a qualquer momento. Os mapas de perigosidade definidos a partir do modelo de perigosidade sísmica atualizado da Europa servirão, pela primeira vez, como um anexo informativo para a segunda geração do Eurocódigo 8, o qual é uma importante referência para o desenvolvimento dos modelos nacionais. Estes são utilizados na tomada de decisão a nível nacional, regional e local relativamente ao desenvolvimento de regulamentação de projeto sísmico e estratégias de mitigação de risco. A integração demodelos de perigosidade sísmica em normas de dimensionamento contribui para que os edifícios respondam adequadamente a ações sísmicas, protegendo desta forma os cidadãos europeus. OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO SÍSMICO: EDIFÍCIOS MAIS ANTIGOS E VULNERÁVEIS, ELEVADO NÍVEL DE PERIGOSIDADE SÍSMICA E ÁREAS URBANAS DENSAS O risco sísmico descreve as possíveis consequências económicas e humanitárias devidas a um sismo. Para determinar o risco sísmico, é necessário ter informação sobre a densidade de edifícios e pessoas (exposição), a vulnerabilidade do parque edificado e uma avaliação robusta de perigosidade sísmica incluindo as condições locais do terreno. Segundo o Modelo Europeu de Risco Sísmico de 2020 (ESRM20), os principais fatores que contribuem para um risco sísmico elevado são os edifícios construídos antes da década de 1980, áreas urbanas densas e elevados níveis de movimentos do solo. Embora a maioria dos países europeus tenha regulamentos e normas de dimensionamento recentes que garantem proteção adequada contra sismos, ainda existemmuitos edifícios antigos não reforçados ou insuficientemente reforçados que representam um elevado risco para os seus habitantes. As zonas com risco sísmico mais elevado situam-se em áreas urbanas, muitas das quais com um histórico de importantes eventos sísmicos, como por exemplo as cidades de Istambul e Izmir na Turquia, Catânia e Nápoles na Itália, Bucareste na Roménia e Atenas na Grécia. De facto, a soma das perdas económicas estimadas nestes quatro países perfaz cerca de 80% das perdas económicas médias anuais estimadas para a Europa (7mil milhões de euros). No entanto, cidades como Zagreb (Croácia), Tirana (Albânia), Sófia (Bulgária), Lisboa (Portugal), Bruxelas (Bélgica) e Basileia (Suíça) também exibem um nível de risco sísmico acima da média, em comparação com cidades menos expostas como Berlim (Alemanha), Londres (Reino Unido) ou Paris (França). O DESENVOLVIMENTO DOS MODELOS: UM TRABALHO COLETIVO Umconjunto de investigadores de diferentes instituições de toda a Europa, incluindo o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, o Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, a Universidade de Aveiro, e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, trabalhou em colaboração para desenvolver o primeiro Modelo Europeu de Risco Sísmico disponível em acesso livre e aberto e para atualizar o Modelo Europeu de Perigosidade Sísmica. Estes fazem parte de um esforço que começou há mais de 30 anos e envolveu milhares de pessoas de toda a Europa. Estes esforços foram financiados por vários projetos europeus e apoiados por grupos nacionais ao longo de todos estes anos. O desenvolvimento dos Modelos Europeus de Perigosidade e Risco Sísmicos 2020 recebeu financiamento do programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia através dos acordos de subvenção 730900, 676564 e 821115 dos projetos SERA, EPOS-IP e RISE. n 1The international disasters database (https://emdat.be/) 2https://eurocodes.jrc.ec.europa.eu/showpage.php?id=138 3Woessner, J., Danciu, L., Giardini, D., Crowley, H., Cotton, F., Grünthal, G., Valensise, G., Arvidsson, R., Basili, R., Betül Demircioglu, M., Hiemer, S., Meletti, C., Musson, R.W., Rovida, A.N., Sesetyan, K., Stucchi, M., & The SHARE Consortium (2015), The 2013 European Seismic Hazard Model: key components and results, Bull. Earthq. Eng., doi:10.1007/s10518-015-9795
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