Informação profissional sobre a Envolvente do Edifício
“A preocupação em procurar novos investimentos e atualizar tecnologias é uma constante”

Entrevista a Adelino Vieira e Tiago Vieira, da Pervedant

Gabriela Costa24/07/2024
“Fomos pioneiros em vedante para vidro duplo nas primeiras séries de abrir, de correr e, uns anos mais tarde, em sistemas com rutura térmica”
“Podemos ter os melhores equipamentos do mundo, mas se não tivermos recursos humanos à altura, não nos serve de nada. A Pervedant supervaloriza as pessoas”
“Temos ajudado muitas empresas a crescer”
“Quase metade da nossa atividade é para exportação”
“Já temos soluções de materiais bio, mas à data esses materiais alternativos aos materiais fósseis ainda apresentam um custo elevado”
“Os fabricantes estão sempre a inovar com soluções mais funcionais e sustentáveis, em séries onde se vê cada vez menos alumínio e mais vidro”
“Utilizamos de forma crescente produtos que permitem melhorar a eficiência acústica e térmica e o isolamento da janela, o que permite reduzir o consumo energético”
“Estamos a investir na instalação de novas linhas de produção e em equipamentos de última geração”

A Pervedant celebra em 2024 30 anos de atividade. A Novoperfil visitou as instalações desta empresa familiar, em Leiria e, numa grande entrevista a Adelino Vieira e Tiago Vieira, respetivamente fundador e CEO da Pervedant, revela o caminho de crescimento da empresa rumo à afirmação como referência no setor da extrusão de perfis e vedantes para a caixilharia de alumínio, madeira e PVC.

Da esquerda para a direita...
Da esquerda para a direita: Adelino Vieira e Aldina Vieira, fundadores da Pervedant, com os filhos, Tiago Vieira, CEO da empresa, e Joana Vieira, diretora de Marketing.

Como é que resumem o percurso da Pervedant ao longo destes 30 anos?

TIAGO VIEIRA - Em 1994 fundámos a empresa com a ambição de sermos uma referência no setor da caixilharia de alumínio, madeira e PVC. E, principalmente, queríamos, logo nesse início da atividade, ser um parceiro para os nossos clientes no desenvolvimento de soluções de vedantes para a caixilharia. Nessa época a caixilharia estava a atravessar um novo ciclo e havia novas necessidades no mercado, às quais seria necessário dar resposta por parte da indústria dos vedantes. Daí a nossa preocupação em garantir, desde sempre, um acompanhamento e suporte ao cliente.

ADELINO VIEIRA - Sim, a partir de 95 houve uma evolução muito grande na caixilharia de alumínio. Até aí só existiam vidros simples, mas surgiram os duplos, e nós fomos pioneiros em vedante para vidro duplo. E também nas primeiras séries já com algum design para receber vidro duplo: séries de abrir, séries de correr e, uns anos mais tarde, sistemas com rutura térmica.

TV - Face a estes novos requisitos do mercado, foi realmente importante existir no mercado uma empresa como a Pervedant, para fazer o acompanhamento deste tipo de produção a nível de vedantes e perfis para a caixilharia. De facto, o percurso da empresa sempre foi traçado em função da necessidade e preocupação de acompanhar as exigências do mercado, e hoje a empresa é uma referência a nível mundial, porque está em constante desenvolvimento e a acompanhar as tendências do mercado.

Pai e filho defendem que o percurso da empresa sempre foi traçado em função das exigências do mercado
Pai e filho defendem que o percurso da empresa sempre foi traçado em função das exigências do mercado.

Apostaram sempre no know-how e no investimento em novos equipamentos. Em que medida é que estes fatores contribuíram para o vosso sucesso?

TV - O investimento em maquinaria, em linhas de produção, sempre foi uma preocupação. Porque um produto de qualidade e uma boa resposta no serviço prestado aos clientes só se conseguem com bons equipamentos. Por isso vamos continuar a investir em tecnologia, paralelamente à aposta que fazemos nos recursos humanos, para termos as pessoas certas na empresa e para lhes darmos formação contínua. Porque, ao fim e ao cabo, são todas essas pessoas, juntas, que fazem a diferença ao nível da qualidade e do serviço.

AV – Podemos ter os melhores equipamentos do mundo, mas se não tivermos recursos humanos à altura para trabalhar com eles, não nos serve de nada. Portanto, devemos valorizar muito os recursos humanos. E posso afirmar que a Pervedant supervaloriza as pessoas.

O capital humano é o principal ativo que distingue a empresa?

TV - É uma preocupação crescente, porque se não nos sentirmos bem no nosso trabalho e se não houver uma boa relação com os colegas não conseguimos ser produtivos. Cada vez mais se fala em felicidade no mercado de trabalho e essa tem sido uma das nossas prioridades. Pessoas felizes também são pessoas mais produtivas.

Ainda em relação à inovação tecnológica, em que medida a aposta em equipamentos topo de gama e tecnologias de última geração permitiu que a empresa se diferencie pelo desenvolvimento de produtos e soluções à medida dos clientes?

TV - A nível da tecnologia há sempre a preocupação de termos equipamentos que se adequem às nossas necessidades. E tal só é possível com uma boa parceria com os nossos fornecedores, pois desenvolvemos equipamentos muito específicos para o nosso setor.

AV - Em termos de background, eu comecei muito novo a fabricar de raiz todo o tipo de máquinas (de injeção de plástico, de extrusão, etc.), e quando lançámos a Pervedant já tinha uma experiência de vinte anos neste mercado. E isso deu-nos um know how muito importante, que nos permitiu fabricar máquinas suplementares às nossas linhas de produção e alcançar, assim, um grande dinamismo e crescimento. Essa minha experiência foi uma mais-valia para o nosso sucesso, mas também foi – e continua a ser – fundamental para os nossos clientes poderem crescer com o nosso conhecimento. Temos ajudado muitas empresas a crescer.

E no que respeita ao crescimento no mercado externo, com que estratégia conseguiram tornar-se mais competitivos?

TV - Temos uma forte presença no mercado externo, onde a nossa marca já é bastante conhecida. Em 2009 começámos a desenvolver a estratégia para abrir portas para fora e conquistar mercado, através de visitas a clientes, presença em feiras internacionais e exposição da marca a nível digital.

Hoje estamos presentes em vários países da Europa, em África e no Médio Oriente, e quase metade da nossa atividade é para exportação (atualmente 47% vai para fora e 53% destina-se ao mercado nacional).

AV- Crescemos a nível global, tanto no mercado interno como no externo. Ainda agora tivemos uma avaliação de mais de 97% atribuída por um cliente estrangeiro.

A empresa é especialista no setor da extrusão de perfis e vedantes para caixilharia
A empresa é especialista no setor da extrusão de perfis e vedantes para caixilharia.

Entre os milhares de produtos que fabricam que soluções destacam pela sua resposta ao desafio da sustentabilidade?

AV - Damos muito valor ao ambiente, aliás, estamos certificados com a ISO 14001. Fomos das primeiras empresas a aderir à eliminação do chumbo nas matérias-primas utilizadas para cumprir o REACH - Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Substâncias Químicas, diretiva europeia que garante que a matéria-prima é isenta de metais pesados, que fazem mal à saúde.

Também desenvolvem soluções com materiais para climas extremos. Que soluções são essas que visam adaptar-se às alterações climáticas?

TV - Cada vez mais o mercado tem exigido soluções com boa performance a nível acústico e térmico, com preocupações com a eficiência energética. Perante essa exigência, a Pervedant desenvolveu soluções de vedantes em EPDM compacto com esponja, que já tem uma boa performance, melhorando a janela para esse tipo de resultados. Atualmente temos desenvolvido cada vez mais vedantes em EPDM 100% de esponja, material que permite à janela ter uma acústica ainda com melhores resultados. Já temos muitas soluções para muitas marcas de janelas com este tipo de vedante.

Temos ainda os vedantes em silicone, uma novidade da empresa que permite uma maior resistência à temperatura, em comparação aos vedantes em EPDM. Para além de poder estar exposto a temperaturas mais altas, este tipo de vedante permite trabalhar com diversas cores.

AV - Antigamente tínhamos temperaturas estáveis. Agora cada vez são mais altas e as matérias-primas tradicionais já não são capazes de as suportar tão bem. O que nos obriga a procurar novos materiais, resistentes a estes diferenciais de calor.

Adelino e Aldina Vieira fundaram a Pervedant há 30 anos
Adelino e Aldina Vieira fundaram a Pervedant há 30 anos.

Todos os dias testam novos materiais. Considerando a vossa experiência com diferentes materiais, e pensando nas matérias-primas que melhor se adequam à realidade atual do clima e aos desafios de sustentabilidade e eficiência energética, quais é que consideram ser os materiais do futuro no setor da extrusão de perfis e vedantes para caixilharia?

TV - Os nossos fornecedores apostam de forma crescente em compostos que integram o material menos agressivos para o meio ambiente. Temos trabalhado com eles nesse sentido.

Tal como há já muitos anos retirámos o chumbo do PVC, hoje em dia temos essa preocupação de tentar retirar dos materiais certos tipos de compostos que são prejudiciais para o meio ambiente, substituindo-os por alternativas que sejam mais biológicas.

Também existe a questão dos materiais reciclados, que é um caminho que está a evoluir, permitindo reutilizar materiais.

Essa aposta nos materiais reciclados faz-se com que matérias-primas?

TV - Faz-se com PVC, em alguns materiais termoplásticos que permitem a reutilização. Desta forma, quando há necessidade de renovar ou de colocar uma substituição, como esses materiais são recicláveis podem ser sempre reutilizados num ciclo novo. Os nossos clientes também reutilizam alumínio.

Também já temos soluções de materiais bio, mas à data de hoje esses materiais alternativos aos materiais fósseis ainda apresentam um custo elevado e colocam-se apenas em certos mercados de valor acrescentado.

Quer dar algum exemplo?

TV - São mercados em que toda a solução está inserida no meio ambiente e tem materiais sustentáveis. Numa casa onde a preocupação é a sustentabilidade há sempre a preocupação de ter materiais reciclados ou bio.

Também temos materiais específicos para resistência ao fogo de acordo com determinadas normas, e para diferentes mercados, caso dos vedantes tanto em termoplástico como em PVC.

Como evoluiu o mercado neste setor nos últimos anos, e quais são os grandes desafios atuais, em termos de qualidade e competitividade, por um lado, e sustentabilidade e eficiência energética, por outro?

AV - Este mercado é muito competitivo. Nos últimos anos, o nosso país foi, talvez, um dos países que mais desenvolveu as séries de alumínio e modernizou muitas soluções de janelas. Os fabricantes estão sempre a inovar com novas soluções, em séries onde se vê cada vez menos o alumínio e cada vez mais o vidro. São soluções cada vez mais funcionais e sustentáveis.

TV - O ciclo de vida de uma série é mais curto hoje do que há uns anos atrás, porque como o mercado está sempre em evolução, existe esta necessidade de estar sempre em atualização.

A Pervedant tem o importante papel de acompanhar os seus clientes nessa evolução, desenvolvendo soluções diferenciadas. Internamente temos um departamento de desenvolvimento de produto que permite oferecer este serviço e apoio ao cliente neste mercado.

Uma vez que o nosso produto está integrado numa solução de vários, temos de acompanhar a necessidade da eficiência energética. Por isso, utilizamos de forma crescente produtos que permitem melhorar a eficiência acústica e térmica e o isolamento da janela, o que permite reduzir o consumo, em termos energéticos, de aquecimento ou de arrefecimento.

Instalações da Pervedant, em Leiria
Instalações da Pervedant, em Leiria.

A Pervedant rege o ideal de ser um parceiro e não apenas um fornecedor. É com esta filosofia, que valoriza o serviço técnico especializado aos clientes, que vão continuar a enfrentar o mercado nos próximos 30 anos?

TV - Temos investido em recursos humanos para garantirmos um melhor serviço aos nossos clientes. Dispomos de colaboradores no exterior para acompanhar de perto as necessidades e dúvidas do cliente. Este apoio presencial é algo que queremos manter, pois a missão da empresa é ter vendas e clientes regulares e estar constantemente a acompanhar os seus desafios e conquistas.

AV – E também resolver todos os problemas que enfrentam. Porque, como costumo dizer, só há problemas se não os conseguirmos resolver, não é? Temos de ter a capacidade para os resolver.

TV – Acima de tudo estamos preocupados em manter a boa qualidade do serviço e das entregas, sem deixar que o crescimento constante da empresa afete essa prestação. O objetivo é melhorar sempre essa qualidade do serviço aos nossos clientes.

E é fácil conciliar uma empresa de espírito familiar, e com estes valores, com a modernização e a automação do mercado?

TV - É um desafio, porque o mercado está constantemente a alterar-se a nível de tecnologia e informação. Mas tentamos sempre fazer o nosso melhor e conseguimos fazer esse acompanhamento.

A pandemia, por exemplo, foi um período muito difícil para todas as empresas, a nível de matérias-primas e fornecimento, mas nós, felizmente, conseguimos sempre manter os nossos prazos standard, e nunca parámos a nossa operação.

Que projetos e novidades têm para o futuro, no curto e médio prazo?

TV – Desde logo, a preocupação em procurar novos investimentos e atualizar tecnologias é uma constante. Dito isto, estamos a investir na instalação de novas linhas de produção e em equipamentos de última geração.

Albino, como fundador, qual é o seu maior desejo para os próximos 30 anos da Pervedant?

AV - É que a empresa continue a evoluir ao ritmo a que está, neste momento. E que eu esteja cá para ver (risos).

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Pervedant - Perfis e Vedantes, Lda.

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