O controlo solar nos vãos envidraçados, quer seja ao nível da radiação solar, quer ao nível da luz visível transmitida (LVT), é cada vez mais uma necessidade imperativa nos dias de hoje, especialmente se considerarmos que a arquitetura moderna tem vindo a privilegiar fachadas com superfícies envidraçadas expressivas.
Entre as diferentes tecnologias de películas de controlo solar destacam-se quatro principais, designadamente, as tradicionais películas espelhadas, as películas espectralmente seletivas, as películas de baixa emissividade e as películas de redirecionamento de luz.
Enquanto as películas espelhadas se caracterizam por elevadas reduções do valor g (ou fator solar), sacrificando ao mesmo tempo grande parte da LVT, as películas espectralmente seletivas, dada a sua transparência incolor, conseguem alcançar níveis de redução do fator solar muito significativos, minimizando a redução da LVT.
Tabela 1. Exemplo de uma película espectralmente seletiva – instalação pelo exterior ou interior.
Igualmente importantes são as películas de baixa emissividade que possibilitam, por exemplo, o upgrade de um vidro simples, conferindo-lhe propriedades de controlo solar com valores g na ordem dos 0,5 e de baixa emissividade, com valores Ug de aproximadamente 3,6 W/m2 K.
No que diz respeito ao controlo exclusivamente da LVT, as películas de redirecionamento de luz apresentam-se como uma solução a ter em conta. É possível, de uma forma prática, otimizar o aproveitamento da luz natural que, com estas películas, é projetada em profundidade no interior dos edifícios.
A análise técnica da melhor solução de película a instalar nos vidros de um determinado edifício carece sempre da apreciação e análise rigorosa de cinco indicadores fundamentais, designadamente:
• Fator solar - após instalação de película em vidro duplo: 0,07 – 0,7;
• Transmissão LVT - após instalação de película em vidro duplo: 0% - 80%;
• Grau de espelhagem – após instalação de película em vidro duplo: 5% - 62%;
• Ug - valor mínimo após instalação de película: até 2 W/m2 K em vidro duplo e até 3,6 W/m2 K em vidro simples;
• Índice de Seletividade (IS) - rácio entre a transmissão LVT e o Factor Solar – valor máximo após instalação de película em vidro duplo: até 2,02.
De acordo com a Tabela I.06 da Portaria nº349-B/2013, o fator solar mínimo deverá ser 0,10 para edifícios com classe de inércia fraca nas zonas V2 e V3, sendo este o cenário que se encontra na maioria dos edifícios, sejam eles novos ou existentes. No que toca à LVT, a gama recomendada para um maior conforto e acuidade visual situa-se entre os 70% a 40%.
As películas espectralmente seletivas apresentam-se como uma solução alternativa às películas espelhadas, na medida em que é possível obter o mesmo resultado de redução do fator solar, mas com menos redução de LVT e sem espelhar o vidro
As películas espectralmente seletivas apresentam-se como uma solução alternativa às películas espelhadas, na medida em que é possível obter o mesmo resultado de redução do fator solar, mas com menos redução de LVT e sem espelhar o vidro. No entanto, é fundamental verificar se o tipo de película espectralmente seletiva escolhida não atua com base na absorção, uma vez que o ideal, por motivos de compatibilidade com o vidro e de eficiência energética, é que a rejeição térmica seja conseguida refletindo, e não absorvendo, a gama de radiação IR do espectro da radiação solar incidente. Para tal, é necessário verificar que a absorção do conjunto película e vidro não ultrapasse os 30% a 35% e que na constituição da película apenas exista o layer do tratamento anti risco, o multilayer otical film (MOF) e o adesivo.
Figura 2. Exemplo de uma película espectralmente seletiva apenas com MOF e sem layers que promovam absorção.
A instalação de películas em vidros é uma medida versátil que permite adaptar de forma económica, rápida e eficaz os vãos envidraçados, promovendo ao mesmo tempo reduções significativas do consumo de energia elétrica associada ao ar condicionado, redução da iluminação artificial e aumento de conforto e produtividade dos ocupantes.
Embora o controlo solar de verão prejudique os ganhos solar no inverno, importa salientar que estes acabam por não ser significativos devido à menor duração dos dias e ao menor número de dias com sol. Além do mais o aquecimento por ar condicionado no inverno é incomparavelmente mais eficiente do que no verão.
Por último, e não olhando a benefícios estéticos, a gama de Índices de Seletividade alcançados, bem como as elevadas reduções do fator solar, conferem um maior grau de flexibilidade aos imóveis que, à luz da dinâmica atual do mercado, requerem uma elevada capacidade na sua adaptação a novas necessidades dos seus utilizadores. As películas para vidros apresentam-se, portanto, como uma solução indispensável e cada vez mais procurada para este efeito.
novoperfil.pt
Novoperfil - Informação profissional sobre a Envolvente do Edifício