Hugo Ornelas, CEO da Ferca SA, analisa o impacto da pandemia no setor da Construção e fala dos desafios da empresa de engenharia no mercado português. O responsável aborda ainda algumas soluções da Ferca, a reciclabilidade dos materiais e fala do próximo desafio, que passa pelo lançamento de uma nova geração do sistema Cobiax, que será apresentado, em outubro, na Tektónica, em Lisboa.
A Ferca é uma empresa de engenharia que reúne as valências de um gabinete de projetos na área das estruturas de betão armado com as de um fornecedor e instalador de sistemas que comercializa ao nível do aligeiramento de lajes e de sistemas de pré-esforço o que nos permite estar no mercado de uma forma bastante transversal, desde o hospital à moradia.
Desde a sua génese que a Ferca está ligada às lajes de betão armado, começou nos anos 70 com uma patente de blocos de betão leve para aligeiramento de lajes e foi evoluindo ao longo dos anos com soluções de blocos de EPS, de polipropileno, sistemas perdidos ou recuperáveis, até blocos de cartão se fizeram. Posteriormente, a empresa iniciou o estudo, comercialização e instalação de sistemas de pré-esforço focado no mercado dos edifícios que nos trouxe um conhecimento técnico muito específico que ainda hoje prevalece.
Esta ligação às lajes e aos vários aspetos do seu cálculo e execução resultou num know-how que o mercado foi reconhecendo e que, combinando com o nosso portefólio de soluções, permite ajudar os engenheiros a resolver desafios estruturais importantes.
Destacando dois projetos em curso, estamos a aplicar pré-esforço e moldes plásticos no EXEO, uma obra da HCI e do outo lado da Gare do Oriente também com pré-esforço estamos a participar no K-Tower para a Omatapalo, dois grandes projetos de escritórios que em breve estarão concluídos.
Posteriormente, a empresa iniciou o estudo, comercialização e instalação de sistemas de pré-esforço focado no mercado dos edifícios que nos trouxe um conhecimento técnico muito específico que ainda hoje prevalece
O Cobiax, comercializado sobre a designação Ferca CBX, é uma solução que veio trazer, ao fim de muitos anos, uma inovação efetiva, que funciona, na área do aligeiramento de lajes, pela forma como permite simular o funcionamento de uma laje maciça, incorporando todas os benefícios inerentes a uma laje aligeirada as sua vantagens são evidentes ao nível da redução do peso, da redução da deformabilidade, na possibilidade de aumentar vãos ou reduzir espessuras, tudo efeitos relevantes e com impacto no resultado final do investimento quer do ponto de vista arquitetónico que económico.
Do ponto de vista ambiental, um aspeto que o setor tem vindo crescentemente a valorizar, a vantagem do sistema decorre essencialmente do fato de ser constituído por plástico nacional 100% reciclado, o que permite criar no fundo um mecanismo de economia circular reutilizando recursos existentes, não esquecendo que a sua utilização ao reduzir as necessidades de betão armado, reduz a necessidade de produção de cimento e o uso de recursos naturais como os inertes e a água.
Soluções como o Ferca CBX ou o Cupolex já utilizam materiais reciclados na sua produção e, como tal, já participam nesse esforço de reciclabilidade ao dar um novo e perene destino a materiais que a atividade económica rejeita. Um ponto que a nossa comunicação tem de focar mais.
A Ferca está neste momento a reforçar a sua estrutura interna com a contratação de novos colaboradores e a investir na certificação da sua gestão de qualidade, o que nos permitirá crescer de forma mais estável. É fundamental preparar a organização para crescer mantendo os padrões que os nossos clientes estão habituados.
Os objetivos passam, essencialmente, por estabelecer novas parcerias para alargar o portefólio firmando a empresa em novas áreas de negócio no mercado nacional para além de continuarmos investidos da urgência de procurar novos mercados internacionais.
O grupo detém sociedades estabelecidas em Angola, Moçambique e Cabo Verde, mas à exceção deste último, a atividade é de momento bastante reduzida. À parte destes mercados existem, contudo, oportunidades noutras latitudes, por exemplo, estamos neste momento envolvidos na construção de um viaduto em Abidjan, na Costa do Marfim.
Felizmente, nesta crise, o setor da Construção não se encontra entre os mais afetados, para quem atravessou a crise anterior não há comparação possível, e, nesta fase, pode-se dizer que o setor está a atravessar um excelente momento em termos de volume de trabalho, que se antevê possa continuar ainda por mais alguns anos. Veremos mais à frente se este bom momento se traduz na rentabilidade e no reforço da capacidade das empresas para enfrentar situações mais desafiantes que hão-de-vir.
A pandemia trouxe desafios na organização do trabalho que o mercado soube acolher mas, de momento, o maior desafio, que também resulta da pandemia, é a instabilidade e o aumento constante das matérias primas e, consequentemente, de todos os materiais envolvido no processo de construção, este facto acabará por ter impacto no valor final do produto e no equilíbrio do mercado.
Julgo que sim, o ambiente económico onde se movem as empresas do nosso setor é hoje significativamente distinto de há uns anos, toda a evolução ao nível dos agentes do mercado imobiliário, as exigências organizacionais que se impõem, a concorrência baseada na qualidade e inovação, são fatores que fizeram com que empresas do setor tenham evoluído para se adaptarem ao mercado. E depois temos as novas gerações que ingressam no mercado e que transportam consigo uma cultura digital que o setor também saberá aproveitar.
O próximo desafio será o lançamento de uma nova geração do sistema Cobiax que vamos apresentar, em outubro, na Tektónica, e que juntamente com novas parcerias ainda em fase de negociação esperamos que nos permita manter uma empresa relevante no mercado que incorpore inovação, sustentabilidade e racionalização na construção.
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