Contudo, as janelas têm vindo a ganhar protagonismo, não só porque há uma clara tendência em aumentar a áreas das janelas, mas também porque estas têm sofrido uma grande evolução tecnológica. É indiscutível que as janelas têm um impacto enorme na eficiência energética dos edifícios convencionais e o mesmo acontece nas Passive House.
Numa Passive House todos os detalhes contam e por isso há que escolher muito bem as janelas e os seus componentes, e integrá-las na abordagem holística que o projeto de uma Passive House requer.
Há quem diga que as janelas são os olhos do edifício, devido à relação interior/exterior, mas a sua real importância vai muito para além das dimensões funcionais e estéticas. É uma questão de desempenho.
Mas como escolher a janela certa para o seu projeto Passive House?
A primeira decisão a fazer é escolher uma janela cujo sistema já seja certificado pelo Passive House Institute, e há vários. Assim, é possível garantir que o sistema já foi estudado e validado no âmbito das Passive House. Contudo, não é necessário instalar sistemas certificados pelo Passive House Institute para ter um edifício Passive House.
A janela certa é aquela que irá resultar do balanço energético do edifício e dos resultados do dimensionamento através do PHPP. A escolha da janela e dos seus componentes deve ser o resultado do compromisso entre os ganhos e perdas de calor, entre o desempenho de verão e de inverno. Só assim podemos escolher a janela ideal para o projeto de forma a otimizar o desempenho e o custo benefício.
O setor da indústria das janelas tem centenas de soluções certificadas a nível mundial, desde janelas de correr, fixas e de batente, com vários tipos de vidro, caixilho e perfil intercalar, com vidros duplos e triplos, com diferentes gases no espaço entre os vidros, janelas de cobertura, claraboias, sistemas de sobreamento. Enfim, não é fácil escolher a melhor solução para o nosso projeto. Mas há algumas informações que podem ser importantes na seleção da janela certa para um determinado projeto.
Uma das caraterísticas mais relevantes a analisar e comparar é o Uw (Coeficiente de transmissão térmica da janela, W/m2C). Este parâmetro engloba o desempenho térmico, não só do vidro e do caixilho, mas também do perfil intercalar e depende naturalmente da qualidade destes componentes e da relação entre eles. Por exemplo, para o mesmo tipo de caixilho e vidro, e aumentando a proporção de área de caixilho, o valor de Uw (normalmente) aumenta, diminuindo o desempenho da janela e, quase sempre, aumentando o seu custo.
Variação do valor de U e do preço em função da relação vidro/caixilho (© Green Building Store).
Os caixilhos mais comuns são construídos em PVC, alumínio e madeira e atualmente quase sempre com corte térmico (sistema no interior da caixilharia que melhora o seu desempenho térmico). Os vidros devem ser de baixa emissividade e podem ser duplos ou triplos preferencialmente com várias espessuras, com dimensões da câmara-de-ar e espaçadores diferentes e com vários tipos de gás entre eles. Estas especificidades vão influenciar o desempenho do vidro e, por sua vez, o valor de Uw que deverá ser o mais baixo possível, pois este parâmetro representa a quantidade de calor que pode atravessar a janela (vidro e caixilho) por m2 e por grau Celcius.
Caixilhos com certificação Passive House.
Perfis intercalares com certificação Passive House.
Felizmente, o Passive House Institute tem janelas certificadas em Portugal, sistemas de janelas de elevado desempenho que várias empresas comercializam no mercado nacional. Aliás, atualmente há já em Portugal vários edifícios Passive House de elevado desempenho (de vários usos - residenciais, escritórios e turísticos) com janelas Passive House cujos fornecedores são parceiros da Associação Passivhaus Portugal.
Passive House com janelas de caixilharia em alumínio.
Felizmente não são apenas janelas, há hoje no mercado soluções técnicas, quer de materiais, quer de equipamentos certificados que apresentam desempenhos comprovadamente compatíveis com os níveis de exigência da Passive House. Construir uma Passive House em Portugal não tem de ser mais caro ou mais difícil que fazer um edifício convencional. Aliás, o nosso País tem tudo para construir e reabilitar sob o standard Passive House e fazer a necessária transição do parque edificado para elevados níveis de desempenho.
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