Os promotores imobiliários estão menos pessimistas quanto ao futuro do mercado residencial, animados pela melhoria na procura e pelas perspetivas mais otimistas quanto à trajetória da inflação e taxas de juro, indicam os mais recentes resultados do inquérito de confiança Portuguese Investment Property Survey (PIPS).
O PIPS é uma iniciativa da Confidencial Imobiliário e da APPII , associação que representa os promotores e investidores imobiliários, que trimestralmente ausculta os principais promotores imobiliários.
Embora mantendo-se em terreno negativo, o sentimento relativo à procura nos últimos 3 meses, considerando a evolução das vendas, melhorou significativamente, passando de -70 pontos no 3.º trimestre para -44 pontos no 4.º trimestre de 2023. Ao mesmo tempo, o sentimento quanto ao preço é de estabilidade, observando-se no 4.º trimestre um saldo de +3 pontos.
Em termos de expetativas para os próximos três meses, antecipa-se também uma clara redução da pressão sobre a procura, com o saldo deste indicador a passar de -64 pontos no 3.º trimestre para -21 pontos no 4.º trimestre. Relativamente aos preços, as expetativas são para que mantenham num registo de estabilidade.
Esta melhoria de expetativas quanto à procura num quadro de estabilização de preços, reflete também uma maior confiança na evolução dos indicadores macroeconómicos, num quadro de abrandamento da inflação e de uma possível inflexão na subida de juros. Deste cenário menos pessimista está a resultar um redireccionamento da oferta futura para a classe média e procura doméstica.
O PIPS do 4.º trimestre de 2023 mostra uma redução do peso de Lisboa nos novos projetos em carteira (de 52% no 3.º trimestre para 41% no 4.º trimestre), em contraste com as áreas periféricas da Grande Lisboa, cujo peso aumentou de 30% para 44%. Ao mesmo tempo, há uma perda da quota dos empreendimentos dirigidos para a procura internacional (de 24% no 3.º trimestre para 18% no 4.º trimestre). Os empreendimentos direcionados a ambos compradores nacionais e internacionais também perdem quota (de 52% para 38%), ao contrário dos que são apenas focados na procura doméstica, que agregam 44% dos novos projetos (24% no 3º trimestre).
“Este novo padrão representa um regresso ao registo que o mercado estava a observar antes do aumento dos juros, que levou ao refúgio dos operadores nos mercados “prime”, mais resilientes”, explica Ricardo Guimarães, Diretor da Confidencial Imobiliário.
Sem prejuízo de estarem mais confiantes quanto ao futuro, os promotores continuam bastante preocupados com os obstáculos à sua atividade, encabeçados pela burocracia e licenciamento, que continuam a ser identificados como o maior entrave.
Comparando com a situação há um ano, alguns fatores desagravaram – caso dos custos de construção, talvez não por terem caído, mas por deixarem de ser uma fonte de incerteza na contratação de empreitadas – mas, em contrapartida houve um agravamento decorrente da maior instabilidade legal e fiscal, assim como dos atuais riscos políticos. Assim, no cômputo geral, os obstáculos agravaram-se em +15 pontos, dificultando que o mercado reative a atividade da mesma forma como o poderia fazer num cenário de estabilidade e previsibilidade.
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