Super Spacer da Edgetech: uma dimensão essencial da construção sustentável

Embora à primeira vista estas decisões possam parecer contraditórias, os dois edifícios partilham algumas qualidades comuns: elevados níveis de sustentabilidade, conservação de recursos e eficiência energética. Além disso, ambos incorporam vidros isolantes com espaçadores Super Spacer, da Edgetech.

Copenhaga renovou completamente a antiga zona portuária de Nordhavn, transformando-a num bairro urbano sustentável, uma área de ligação para 40 000 pessoas e um campo de testes para tecnologias ecológicas de ponta.

Quando a BIG apresentou os planos para a sua nova sede no topo do Sundmolenpier em Nordhavn, o conselho municipal rejeitou-os inicialmente. Os responsáveis consideraram a torre de betão proposta, com 27 metros de altura, pouco atrativa para a montra verde da cidade, que pretende ser neutra em termos de carbono até 2050.

À primeira vista, a estética neo-brutalista, marcada aqui por enormes vigas de betão exposto, parece honrar um material com um elevado impacto ambiental, em vez de um design sustentável. Sem gesso nem revestimento, a estrutura realça o contraste puro entre os suportes de betão e o vidro do chão ao teto. Desde o telhado até ao cais, cada andar termina numa varanda diagonal ligada por uma escada circular, oferecendo vistas únicas sobre o Öresund. No entanto, uma inspeção mais atenta revela os componentes de elevado desempenho que fazem deste um projeto de construção sustentável.

A Eiler Thomsen Alufacader fabricou a fachada de vidro com montantes e travessas em alumínio bruto extrudido. A Glaseksperten A/S forneceu aproximadamente 500 unidades, até 2,8 metros de altura, para o envidraçamento triplo desde o chão até ao teto, bem como uma porta de vidro deslizante de três metros de altura e portas corta-fogo de vidro.

O valor U da fachada é de 0,18 W/(m2K), o valor Ug dos vidros é de 0,6 e o valor Uw das janelas é de 0,8 W/(m2K). O Pilkington Suncool 70/40 utilizado nas unidades de vidro isolante é um vidro revestido de alto desempenho que combina um excelente isolamento térmico com controlo solar e elevada transmissão de luz, propriedades importantes para os invernos escandinavos com pouca luz e para os longos e ensolarados dias de verão.

Os especialistas em envidraçamento escolheram o Super Spacer T-Spacer Premium Plus da Edgetech como o espaçador de bordos quentes para o projeto. Louise Præstholm, diretora de Marketing, comenta: “O Super Spacer é muito eficiente na produção graças à sua composição flexível e sem metal, que simplifica a instalação e reduz a necessidade de mão de obra. A sua flexibilidade estrutural também permite um ajuste extremamente preciso, reduzindo a tensão no vidro. O Super Spacer também contribui para a eficiência energética e a durabilidade do produto final, melhorando o desempenho térmico e minimizando a condensação”.

Após a rejeição do pedido de construção, o BIG entrou em conversações para explicar em pormenor o conceito de sustentabilidade. Para obter a melhor pegada de carbono possível no ciclo de vida como parte da certificação DGNB Gold, cerca de 70% do betão utilizado em Sundmolenpier foi reduzido em carbono. Desde 2017, quando os planos iniciais para a nova sede foram elaborados, a equipa tinha estado em diálogo com o fabricante dinamarquês de cimento Aalborg Portland, que estava a investigar um cimento com redução de CO2. O material resultante, agora comercializado como Futurecem, produz até 30% menos emissões de CO2 do que o cimento Portland convencional, uma vez que 35% do clínquer, que consome muita energia, é substituído por calcário e argila calcinada.

O ambiente salino rigoroso do local é difícil para qualquer material, mas a equipa do BIG considerou que os problemas de corrosão e humidade teriam sido muito mais difíceis de resolver com uma estrutura de madeira. Além disso, o edifício teve de acolher materiais provenientes dos edifícios portuários circundantes.

O local do BIG é aquecido e arrefecido apenas por ativação do núcleo de betão e ventilação passiva, utilizando plenamente a capacidade de armazenamento de calor do Futurecem para regular a temperatura. As pilhas de energia são utilizadas como fonte de calor e a bomba de calor é alimentada pela eletricidade do sistema fotovoltaico do próprio edifício.

Existem razões para além da estética para deixar as superfícies sem tratamento. Ao longo dos anos, o betão exposto pode reabsorver o CO2 prejudicial ao clima através da carbonatação. O dióxido de carbono reage com o hidróxido de cálcio no betão para formar carbonato de cálcio, ou calcário. Este efeito tem também um pequeno impacto no equilíbrio ecológico.

O Skypark Business Centre South no aeroporto luxemburguês de Findel, também concebido pelo Bjarke Ingels Group, contrasta com o minimalismo do betão da sede do BIG. Enquanto as áreas subterrâneas do edifício de baixo consumo energético são feitas principalmente de betão armado, a superestrutura de 30,5 metros de altura é uma das maiores construções de madeira da Europa. Em vez de um corpo único e alongado, o edifício, composto por duas estruturas de três andares, serpenteia pelo aeródromo ao longo de 365 metros.

Não só o design otimiza o espaço útil, como a retícula geométrica em ziguezague também cria pátios separados e inundados de luz para maximizar a iluminação natural. A estrutura superior roda 180 graus, criando telhados e terraços verdejantes em três níveis. Os biótopos artificiais proporcionam espaço para a flora e a fauna, recolhem a água da chuva, reduzem a carga de arrefecimento do edifício e melhoram o microclima e a qualidade do ar.

O Skypark foi concebido com uma fachada de envidraçamento duplo extremamente eficiente do ponto de vista energético. A camada exterior é constituída por um ziguezague de elementos transparentes e opacos que protegem contra o ruído e o vento. O lado interior, com envidraçamento triplo com mainel, proporciona um isolamento térmico adicional, enquanto o espaço entre as fachadas está equipado com estores reguláveis individualmente. O rés do chão tem um aspeto estruturalmente envidraçado e serve de base luminosa e transparente para os andares superiores. Tal como o resto do edifício, os bordos do rés do chão são arredondados para permitir vistas panorâmicas ininterruptas.

As unidades de vidro isolante côncavo e convexo curvo nos cantos da fachada envidraçada de um andar foram fabricadas pela Finiglas, uma empresa transformadora de vidro sediada em Münsterland, por conta do construtor de fachadas Kyotec Luxembourg. Cada canto é composto por quatro painéis de 2999 x 4861 milímetros com um raio de 7698 milímetros. O especialista em instalação Heavydrive deslocou-se ao local com o seu sistema de aspiração a vácuo VSG 1300 KR e o sistema de contrapeso Konter 3000 para instalar as unidades curvas sob uma consola de 2602 milímetros.

O desempenho exigido do vidro e um valor Ug inferior a 0,5 W/m2K só poderiam ser alcançados com envidraçamento triplo e revestimentos específicos de controlo térmico e solar. A construção dos painéis, utilizando o Guardian Ultra Clear como vidro de base, consiste em vidro de segurança laminado de 13,52 milímetros com várias camadas de controlo solar na face exterior, uma camada de isolamento térmico de 6 milímetros de espessura no painel central e um painel de vidro de segurança laminado de 17,52 milímetros, parcialmente com uma camada intermédia acústica.

As unidades não são inseridas numa moldura, mas são fixadas na junta de borda usando a junta Siltal, que é comum no Benelux. “A fachada de vidro é, na verdade, concebida como vidro estrutural, uma vez que a ligação é feita através da junta de borda e apenas a folha de vidro laminado de segurança no lado interior é montada no montante, ” explica Mirko Heeringa, gestor de projeto na Finiglas.

Embora a produção de Finiglas seja concebida para grandes formatos, as unidades de envidraçamento triplo são algo de especial. Cada uma das mais de 160 unidades de vidro isolante triplo curvo que a Finiglas forneceu ao Luxemburgo pesa mais de 1300 quilogramas. Os requisitos de reprodutibilidade e manuseamento eram particularmente elevados para este projeto. “Tínhamos cinco painéis individuais, cada um com um peso de até 600 quilos, pendurados na grua para a montagem das 130 unidades, que tinham de ser laminadas e isoladas com precisão. Tendo em conta o peso e a dimensão dos painéis, adaptamos os nossos processos em conformidade. Por exemplo, concebemos ferramentas especiais e equipamento de manuseamento”, continua Heeringa.

A Finiglas utilizou o Super Spacer TriSeal Flex black' de 16 mm da Edgetech/Quanex como espaçador. “O Flex tem várias vantagens para nós na produção de vidro isolante”, confirma Heeringa. "É um pouco mais forte do que os produtos Super Spacer que normalmente utilizamos, por isso permanece sempre estável e precisamente na posição quando o segundo e terceiro painéis são colocados.

Da mesma forma, Christoph Rubel, Diretor Técnico Europeu da Edgetech Europe GmbH em Heinsberg, sublinha as propriedades do Super Spacer dentro da unidade de vidro isolante: “As cargas de vento e de intempéries podem trabalhar arduamente num espaço de 16 milímetros entre os painéis. É aqui que um espaçador feito de espuma de silicone estrutural é realmente útil, graças à sua flexibilidade e elasticidade a 100%. O material de silicone elástico mantém a vedação do bordo intacta, garantindo assim a eficiência energética e a durabilidade do envidraçamento isolante”.