Os principais temas do evento deste ano serão o impacto ambiental, a tecnologia, a atração de talentos e as soluções para a falta de habitação.

Barcelona volta a ser o centro de atração do setor da construção com a 24ª edição da Construmat, que se realiza de 20 a 22 de maio. O pavilhão 2 do centro de exposições Gran Via, na Fira de Barcelona, acolherá 350 expositores de 22 países e 120 atividades ligadas ao conhecimento, à formação e à criação de redes profissionais.

Xavier Vilaplana e Roger Bou, presidente e diretor, respetivamente, da Construmat.

Após três edições consecutivas realizadas entre 2023 e 2025, a Construmat reafirma-se como um salão representativo e transversal para o setor da construção em Espanha e no sul da Europa, daí o seu carácter internacional. A partir da edição de 2027, o evento voltará à sua habitual periodicidade bienal nos anos ímpares. Para a edição deste ano, de acordo com os dados fornecidos em conferência de imprensa por Xavier Vilajoana e Roger Bou, presidente e diretor do evento, respetivamente, é esperada a presença de 22.000 visitantes. Outros números mencionados incluem um aumento de 24% no número de empresas participantes e um aumento de 15% na área ocupada em relação ao ano passado.

A oferta comercial da Construmat vai privilegiar a sustentabilidade e a melhoria da eficiência, com a presença das mais recentes inovações nas áreas envolvidas no setor da construção, como máquinas e ferramentas, construção industrializada, estruturas, fachadas e coberturas, janelas e fechamentos, proteção solar, isolamento, impermeabilização, urbanismo e espaço exterior, design e decoração de interiores, digitalização para projetos e obras, casas de banho, cozinhas, iluminação e gestão e recolha de energia, entre outras.

Para Xavier Vilajoana, “a Construmat reflete o profundo processo de transformação que o setor está a viver. Queremos demonstrar que é possível construir de forma mais eficiente e sustentável, aliando a inovação aos ofícios tradicionais, e fazê-lo gerando emprego, atraindo talento e oferecendo respostas reais a desafios urgentes como a necessidade de produzir mais habitação”.

Na sua intervenção, Vilajoana referiu o atual défice do país na produção de novas habitações, com a construção de cem mil casas por ano, contra a construção de quase 220 mil novas habitações. “O desafio é enorme, e na Construmat queremos ser o quadro onde as novas soluções construtivas ajudam a reduzir progressivamente este desfasamento entre a oferta e a procura”.

Entre os expositores de destaque encontram-se empresas como a Alsina, Technal, K-line, Urbidermis, Jung, Greco Gres, Exlabesa, Deceuninck, Grupo Valverde, Cosentino, Stil Condal, Indalsu, Alufactory, Fischer, PMP, Molins, Saltoki Offsite, Lahyer, Evowall, Tq Tecnol, Renolit, Dakota, Steico, Saloni, KLH e A. Solanes.

Da mesma forma, a Construmat reforça o seu carácter internacional, com a presença de mais 35% de exposição comercial de empresas de fora de Espanha. Assim, o certame contará com empresas e pavilhões agrupados de França, Alemanha, Portugal, China, Polónia, Bélgica, Áustria, Marrocos, Itália, Reino Unido, Holanda, Egito, Andorra, Lituânia, Hungria e Japão, entre outros.

A Turquia será o país convidado, com a participação de cerca de vinte expositores, principalmente fabricantes de materiais e máquinas de construção. A Turquia também participará no programa de atividades, com a apresentação de casos de sucesso e reuniões de negócios agendadas. Uma dessas apresentações será feita pelo presidente da Limak, o grupo de construção responsável pelas obras de renovação do Camp Nou, o estádio do FC Barcelona.

A Fira de Barcelona acolherá uma nova edição da Construmat de 20 a 22 de maio.

Paralelamente à vertente expositiva do evento, a organização da Construmat organizou também um vasto programa de eventos, com mais de 120 atividades, entre as quais as sessões do Congresso da Construção Sustentável.

Este congresso contará com mais de uma centena de oradores nacionais e internacionais, que abordarão temas relacionados com três áreas principais: a construção de habitação social a preços acessíveis, a saúde e biohabitabilidade dos edifícios e as aplicações práticas da inteligência artificial na arquitetura, construção e obras públicas. Entre os principais nomes que apresentarão as suas ideias na conferência estão os arquitetos David Adjaye, Stephen Bates, Peris + Toral e Mohammed Adib.

A falta de habitação em Espanha é um dos problemas que mais preocupa a sociedade atualmente. Por esta razão, a Construmat reuniu as principais associações setoriais para propor um decálogo de medidas necessárias para resolver este problema. O documento será apresentado na sessão de abertura do Congresso e será entregue aos representantes das Administrações que visitam a feira.

Como explica Roger Bou, diretor da Construmat, o programa de atividades paralelas foi concebido “com um enfoque prático para promover a troca de ideias e experiências entre os diferentes perfis profissionais que visitam a feira, para que possam aplicá-las no seu trabalho”.

Um dos enquadramentos destas atividades será o 'Construmat Experience', um novo espaço que acolherá as conferências e workshops mais setoriais, onde serão discutidos, entre outros temas, a construção industrializada, os edifícios com baixa pegada ambiental, o enquadramento regulamentar da eficiência energética e as construções resilientes face a catástrofes naturais.

Haverá também várias Masterclasses certificadas pelo CIAAD, Council for International Accreditation of Architecture & Design, e a exposição “Rethink”, apresentada pela Colab, a biblioteca de materiais dos Emirados Árabes Unidos, juntamente com a exposição de materiais avançados da IAAC (Advanced Architecture Barcelona).

A Construmat acolherá ainda eventos convidados, como a Installation Engineering Summit da Association of Installation Consultants (ACI). Haverá ainda conferências organizadas pela Build Europe, a associação de promotores e construtores residenciais de 18 países da União Europeia, a União dos Arquitetos do Mediterrâneo (Umar), a Associação Ibérica de Tecnologia Trenchless (IBSTT) e a Associação Nacional de Empresas de Remodelação e Reabilitação (ANERR), entre outras organizações do setor.

A Construmat contará com um total de 120 atividades no programa paralelo à exposição de soluções, incluindo o “Congresso da Construção Sustentável”.

O espaço comercial contará ainda com a participação de 40 startups com soluções tecnológicas capazes de otimizar processos, reduzir custos e melhorar a eficiência no setor da construção. Estas propostas incluem nano-revestimentos para aumentar a funcionalidade e durabilidade dos materiais, sensores para monitorizar a resistência do betão em tempo real e sistemas de análise de infraestruturas com recurso a drones e tecnologia 3D. Paralelamente a esta área, haverá palestras, sessões de pitching e oportunidades de networking, onde estas empresas emergentes poderão apresentar os seus projetos a potenciais investidores, compradores e parceiros.

A cerimónia de entrega dos Prémios Construmat para a arquitetura sustentável e saudável também terá lugar no âmbito do evento. Com curadoria da Fundació Mies van der Rohe e patrocínio da Würth España, estes prémios reconhecem os edifícios concebidos para minimizar o impacto ambiental e aumentar o bem-estar dos utilizadores.

A procura de formas de apresentar o setor como uma opção de emprego atrativa para jovens, mulheres e outros profissionais é outro dos grandes desafios do setor. Por isso, no dia 22 de maio, o salão dedicará diferentes sessões a conhecer o tipo de profissionais qualificados que o setor exige, bem como as experiências realizadas para atrair novos talentos. Além disso, em colaboração com Barcelona Ativa, será criado um Marketplace com oportunidades profissionais.

Em relação à atração de jovens talentos para o setor, Xavier Vilajoana assumiu que, com as taxas de desemprego juvenil existentes em Espanha, “é estranho que não sejamos capazes de atrair mais mão de obra jovem para o nosso setor, ainda mais quando os salários do acordo profissional são muito superiores aos de outros setores. As administrações, as associações setoriais e as empresas devem trabalhar em conjunto para enfrentar este desafio. Por exemplo, a Lei dos Riscos Profissionais não permite que jovens com menos de 18 anos trabalhem como estagiários num estaleiro de construção. A Administração deve fornecer os meios para resolver esta questão, porque é nesta idade que os jovens podem escolher uma carreira profissional. De qualquer forma, todos os intervenientes estão a trabalhar para melhorar este aspeto, porque dentro de dez ou quinze anos, uma boa parte dos profissionais do setor estará em idade de reforma, pelo que temos de começar a trabalhar na substituição desta mão de obra”.

A formação e a atração de jovens talentos para o setor da construção também estarão no centro das atenções da Construmat 2025.

A Construmat, consciente desta problemática, também está a dar o seu contributo neste esforço coletivo, como refere Roger Bou: “com a Câmara de Empreiteiros de Barcelona, foi criado um espaço no qual os alunos de formação profissional construirão uma pequena estrutura para promover as profissões da construção junto dos jovens. Em colaboração com a Fundación Laboral de la Construcción, haverá também uma exposição de novas ferramentas digitais para utilização na construção, que podem ser mais atrativas para os futuros profissionais. Organizaremos também algumas 'visitas' dirigidas a cursos de formação profissional e a cursos universitários para mostrar estas oportunidades profissionais e, assim, contribuir para este esforço coletivo de encontrar jovens talentos”.